Era
real. Tão real que doía. Não era mais um incômodo, coisa da imaginação. Era
dor. Quer algo mais real que a dor? E pior que isso era escolher sofrer, se
humilhar, se arrastar; implorando por piedade. Implorando por amor. Doía como,
se cada vez que respirasse, uma facada fosse dada em seu coração. Seu coração
era o Coliseu e sua dor era um gladiador que lutava contra todas as coisas boas
e sempre ganhava. Sofrer era opcional, claro, mas como não sofrer quando a
esperança se torna uma gota, evaporando a cada segundo? O sofrimento não
transparecia; ao menos, ninguém notara. Fingindo um humor inexistente, sentindo
uma dor dilacerante. Mas vivia. Todo dia e cada dia a mais, vivia. Talvez não
do jeito certo, talvez de um jeito suicida, morrendo a cada sorriso dado,
quando o que tinha para oferecer, era uma lágrima. No entanto, isto não é o tão
chamado “carma”? Fez filas e filas de sofredores, mas agora era sua vez de
sofrer. E sofria. Mas acreditava que passaria por isso, que era uma fase;
acreditava que um dia tudo voltaria ao normal, sem a necessidade de ninguém
saber, sem a chance de alguém se importar. Será que passaria? Repetia sempre
essa pergunta. Será que tudo voltaria ao normal? Será que a esperança que
restara poderia dar suporte a tantos “será”? Será? Não sabia e, muitas vezes,
toda a fé que tinha não era suficiente para continuar acreditando. Mas
continuava. Havia dias em que sua força quase se esgotava; dias em que
sobreviver era muito difícil, cansativo demais. Mas continuava. O porquê de
continuar era desconhecido, já que era uma dor imensurável e, ao que parecia,
infinita. Talvez – mas só talvez – o motivo fosse aquele sorriso; ou melhor,
aqueles sorrisos. O de lado, o que mostrava todos os dentes, o de felicidade, o
de vergonha... tantos sorrisos! Um para cada luta diária. Provavelmente, fazia
a dor aumentar, lembrando-lhe que todos estes sorrisos eram seus e agora não
são mais; mas, sem dúvidas, também fazia a força aumentar. Era a tal gota de
esperança, essa que levava a crer que no final a eternidade seria deles, e
somente deles. O amor venceria a dor, uma hora ou outra. E por isso lutava. O
que conta, na verdade, não são as vezes que caía e se machucava, mas, sim, as
vezes que levantava com um ar de “é só isso, vida? Pode fazer melhor!”. Por
quanto tempo lutaria? Impossível dizer. Quantas vezes cairia? Inúmeras. E
quantas vezes se levantaria? O dobro. Mas quando desistiria? Ah, isso... nunca.
Am I flying?
If I am, join me...
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Adeus
E ela o perdeu. Ela sempre soube que isso aconteceria, só não imaginava que seria tão difícil. Desde o começo o destino sempre parecera dizer que eles não iam dar certo. Ela sabia, mas ele merecia essa chance. Ele merecia a tentativa, mesmo que não desse certo. Mas quando o amor não é correspondido, a companhia não é suficiente. Estar com ele era ótimo, ele a entendia e a animava; ele era tudo que ela poderia desejar, mas ele nunca fora o escolhido. Ela o quis, ela fez seu coração o desejar, mas como é que se obriga um órgão tão cheio de si, tão independente a fazer o que ela queria? Ela tentou, ela tentou com todas as forças que tinha, deu todo o amor que podia dar, mas simplesmente não era suficiente. O amor que ele sentia era tão grande e tão bonito que o simples fato de tentar descrevê-lo era uma ofensa ao deus do amor - se é que ele existe. O amor dele era tão forte que não havia nada que conseguiria fazer ele sentir algo por ela que não fosse amor. E ela tentou. Ela deu tudo de si, ela batalhou, ela não ligou pros milhares de "não" recebidos, tanto do destino quanto de seu coração. Era inaceitável deixar o que poderia ser o amor da sua vida ir embora. Era um pecado! Ela já havia perdido muitas pessoas, muitas pessoas a deixaram sozinha; mas ele não, ele ficou, ele a levantou quando ela caiu, ele a aqueceu quando sentiu frio. As lágrimas derramadas perto dele sempre foram por rir demais. Como ela poderia dizer adeus a esse alguém tão perfeito, tão dela? Como diria adeus a sua alma gêmea? Mas ela disse. O destino foi mais forte e seu coração o ajudou. Ela disse adeus. E se arrependeu no momento em que tal palavra saiu de sua boca. Ela chorou, ela sentiu dor. E ele? Ele morreu por dentro. Continuava existindo, mas não vivia mais. Continuava conversando, mas as palavras não eram mais as mesmas. Talvez esse foi o fim, talvez não. Talvez seja uma brincadeira do destino, talvez não. Talvez eles ainda possam ser amigos, talvez não. Talvez um dia ela retribua o mesmo sentimento, mas talvez seja tarde demais.
sexta-feira, 13 de março de 2015
Despejamos em nosso coração muita frustração,
somos a nossa própria causa de opressão.
Dentre tantas razões, almejamos um futuro,
que seja nada mais do que puro.
Nada do que hoje é permanecerá igual, por isso,
relutantes, esperamos um novo final.
O mundo é obscuro e sujo, e cabe a nós,
meros seres racionais, torná-lo mais do que um simples refúgio.
Ao dizermos um simples adeus, veremos,
no fim, a face de nosso Deus.
Seremos réus
no nosso próprio céu.
Emilly Torrecilha
domingo, 8 de março de 2015
Silêncio.
Alguns silêncios
falam mais alto que caixas de som,
Faz ter vontade de
achar um fagulho
Para reconfortar a
quietude do coração.
Alguns silêncios
são ensurdecedores,
Fazendo-nos afogar
em nosso orgulho
Vendo quem são os
amenizadores.
Dando audição para
quem nunca escuta nada
Levando-nos a dar
um simples mergulho
Que pode, ou não,
se acabar com uma risada.
Silêncio é, em si,
uma forma ruidosa
De retirar o
embrulho
Da parte que uma
vez foi estrondosa.
Emilly Torrecilha
quarta-feira, 12 de março de 2014
Nós somos um quebra-cabeça e um café
Percebi que
estava com problema quando estava assistindo ao noticiário e quando a mulher do
tempo falou sobre chuva, eu ouvi “previsão de chuva de amor amanhã, preparem
seus guarda-chuvas”. Chuva de amor? Isso não é normal, mas ignorei.
Mais tarde,
tudo que as pessoas falavam eu ouvia a palavra “amor” ou algo relacionado a
ela, você acha estranho? Espere eu dizer que quando eu estava no ônibus, eu
ouvi o cobrador dizer “saia com amor”, a mulher do meu lado falando “preciso de
mais amor na minha vida”, as crianças gritando “mãe, quero um coração cheio de
amor”. Eu fiquei surpresa, ou todo mundo estava apaixonado ou minha paixão era
tão grande que fazia tudo que eu ouvir ou ver virar amor.
Sim, ver
também. A maioria das coisas que eu olhava tinham formas de coração. Por quê? É
essa a pergunta que vem em minha mente, mas não precisa se dar ao trabalho de
responder, pois a resposta veio logo depois: você. Eu realmente estou
apaixonada por você e eu gostaria, muito, se você fizesse isso parar.
Gostaria
que parasse de dar aqueles sorrisos de lado que qualquer pessoa se apaixona;
pare de rir até ficar sem ar, pois sua risada é contagiante; pare de ser
estressado, pois, acredite, até isso faz com que eu me apaixone por você.
Queria
dizer “pare de respirar”, mas não é justo o mundo perder uma pessoa como você.
Eu não posso perder uma pessoa como você. Aliás, é esse o ponto que eu queria
chegar: eu já te perdi? Porque parece, parece muito. Então, se a resposta for
sim, não é justo que eu continue a ver corações por todo lado, ouvir tudo sobre
amor.
Eu não
gosto de café. O que isso tem a ver? Você sempre amou café, e eu não, sempre
preferi uma xícara de chá. Percebe o problema? Como que daria certo entre nós
se não compartilhávamos os mesmos interesses? Pois bem, eu acho que daria certo
– apesar do café.
Querido,
nós fomos feitos para não durar. Mas quem disse isso? Você? Eu? Não, ninguém
disse. Então não vejo razão alguma pra acreditar nisso. Você não consegue
montar um quebra-cabeça se todas as peças forem iguais, ou seja, nós somos um
quebra-cabeça, e cada peça diferente vai encontrar o seu lugar. Pode demorar,
mas cada peça tem o seu lugar.
Não desista
tão cedo, não vá embora. Na verdade, você já foi. Mas volte, quebra-cabeças exigem
um pouco de paciência. Volte, eu posso te ajudar a encaixar as peças. Nós somos
mesmo um quebra-cabeça e ele não vai terminar sem a sua ajuda.
Talvez nós
vejamos que as suas peças não são do mesmo quebra-cabeça que as minhas, mas só
tentando pra ter certeza. E, querido, se as peças não forem do mesmo
quebra-cabeça, a gente cola. Gruda. Pra tudo se dá um jeito; e aqui estou,
tentando dar um jeito no nosso amor.
Nós somos,
também, como um café – sei que vai parecer estranho eu usar uma metáfora com
café sendo que eu acabei de dizer que não gosto de café, enfim –, quando está
quente, é ótimo; depois que esfria, nem esquentando de novo volta a ter o sabor
de antes. Acho que você não entendeu o que quis dizer, mas eu te explicarei:
você tem que voltar, rápido, antes que o nosso café esfrie, porque, querido, eu
não quero ter que esquentar e sentir saudade do gosto antigo. Por favor, volte.
Eu deixei o
nosso café numa garrafa térmica que apelidei carinhosamente de “coração”. Estou
apenas esperando a sua volta para compartilharmos esse café. Juro que, por
você, eu aprendo a gostar desse líquido marrom estranho e quente. Juro.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Até mais
Cá estou novamente... Acho que
sempre soubemos que eu voltaria. Se é certo, ou não, eu não sei, mas você é
como um imã. O meu imã. Sempre achei que amor era algo que inventaram para dar
mais motivos para as pessoas sofrerem, uma ilusão. Como eu poderia adivinhar
que o amor realmente existe? Foi uma surpresa. Uma surpresa boa, ruim,
misturada. Chegou do nada, invadiu, dominou cada partícula de mim. Meio bobo
falar assim não é? Mas é a verdade. E a cada movimento seu, eu descobri mais
coisas, além do amor ser real. Descobri que é, sim, possível sentir necessidade
de estar ao lado de alguém 24 horas por dia; que escutar músicas apaixonadas é
compreensível quando tudo que se sente, está descrito nas letras. O amor é uma
caixa de surpresa. Cada minuto ao seu lado foi uma descoberta nova. A morte
está ligada diretamente ao amor, pelo menos foi o que eu li, e percebi que isso
é verdade também; pois toda vez que eu te disse “eu te amo”, eu realmente quis
dizer que, se fosse preciso, eu morreria por você. Esse negócio de estar
apaixonado te prende, não de um jeito ruim, mas de um jeito que cada respiração
é um sorriso, que só de lembrar que você existe, me dá vontade de rir. E no
final descobri que o amor é mesmo tudo que descrevem, apesar de faltarem
palavras, mas ele é tudo isso. Assim como existem coisas boas, também tem umas
não tão boas assim. Um pouco de ciúme pra cá, um pouco de ciúme pra lá;
briguinhas, xingamentos... Só que isso é a prova que o amor vale a pena, isso
prova que amar é depender da pessoa, como se ela fosse uma droga; é medo de
perder, de não ser o suficiente. Aprendi tudo isso, e mais, com os momentos que
tive com você. Gosto de acreditar que o amor também é deixar solto pra ver se
volta, e, bem, eu te deixei solto, livre pra fazer suas escolhas. Talvez isso
doa um pouco mais do que achei que doeria, mas vai valer a pena. Amor é isso
também, é criar esperanças, se manter positivo mesmo quando tudo indica o
contrário. Você me fez sentir o que eu achei que era mito, e hoje eu sei que
mito mesmo é dizer que amar não é bom, que amar faz sofrer. Cada um ama de um
jeito, e eu te amo do melhor jeito que eu consigo, pode não parecer o
suficiente, mas eu sei que é o amor mais forte que eu posso oferecer e que o
pode te fazer feliz. Amar não é deixar de ser você, é aprender a ser melhor por
quem se importa. Eu me importo com você, eu melhorei por você. Amar é meio
louco mesmo, não é? E eu aprendi tudo isso com você. Espero que volte, porque
não há ninguém no mundo que tenha um amor tão forte por você como eu. Ia dizer
que essa era a última vez, mas por quê? Eu sei, você sabe, todos sabem que eu
não consigo ficar longe. Então um “até mais” serve. Eu te amo, até mais...
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Sem rastros
E ela estava sozinha...
Mas qual era o problema nisso? Ela sempre estava sozinha. Seus dias se resumiam
em se esconder das pessoas, com medo do que elas diriam assim que a vissem. Ela
tinha medo de conversar, “o que eu falo?”, pensava. Era só falar, pequena, era
só se expressar; e quando você parar pra olhar verá que não é tão difícil
assim. Mas não, ela resistia à vontade que a levaria a conversar, ela preferia
sentar na última carteira do canto mais escuro da classe, onde ninguém pudesse
vê-la, com a cabeça baixa, calculando mentalmente cada respiração para que
ninguém a notasse. Era assim que ela gostava de viver – na verdade, era o único
jeito que sabia.
A vida em si era uma
aventura da qual ela via em filmes, imaginava em livros, achando que é algo fora
da realidade, mas, pequena, a vida está aí, está acontecendo, não a deixe
passar sem aproveitá-la. Você só tem uma chance.
Corra! Corra! Corra para
alcançar a parte perdida da sua vida; corra para alcançar seus sonhos. Corra
para se aventurar! Isso, você está correndo! Rápido, quando você chegar perto
ela vai te esperar! Pequena, não, esse lado não! Onde você está indo? Esse não
é o lado certo, pequena, isso te levará para... Deus! Não! Você está indo para
um precipício? E a história de que a vida é só uma? O seu sonho, a sua
aventura; você vai deixar isso de lado? Não, volte para cá.
A vida vem tão fácil
como se vai. A questão aqui é: você está aproveitando? Não importa o quanto
você tente, um dia a sua vida irá. Sem rastros. Alguns conseguiram estar em
livros, serem citados por aí. Ficaram pra história, mas são alguns, poucos. E
você, pequena, vai deixar rastros? Sem perceber, você perdeu todas as suas
horas reclamando do que poderia ter feito ou perdeu chances que fariam da sua
vida o teu melhor sonho.
Na hora da morte muitas
coisas passam em sua cabeça, algumas felizes, outras tristes. Você vê todas as
pessoas que são importantes pra você, que te fizeram alguma diferença. Você
pensa em tudo! Apenas um passo e tudo irá embora, sem rastros.
É esse o fim, pequena? É
assim que você terminará sua jornada? Lembre-se, com mais um passo não há mais
volta. É o fim. É o seu fim. Tem certeza? Eu espero que não... Agora você está
a menos de um centímetro da escuridão. Agora...
Prendeu a respiração,
soltou-a e foi... Sem rastros.
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